Folheando algumas edições do velho Almanaque de Sophocles Torres Câmara, de 1920 a 1924, e outros mais recentes, de 1953 e 1954, já sob a direção do jornalista Walderi Uchoa, que dava continuidade à iniciativa do jornalista João Câmara, em 1895, identifiquei alguns detalhes saborosos da nossa história que, com certeza, muitos dos atuais velhinhos não têm a menor ideia. Imaginem os nossos filhos e netos! Um doce para quem identificar qual dos atuais municípios do Ceará nasceu com o nome de Lajes. Canoa? Brejo Seco? Santana do Brejo Seco? Umari? Montemor da América? Brejo da Barbosa? Nova Roma? Soure? União?
Vamos por parte: Lajes era um pequeno povoamento nas ribeiras dos rios Trussu e Quincoê, no alto sertão do Ceará. Desmembrado do Iguatu, atende, hoje, pelo nome de Acopiara. E Aracoiaba era a antiga Canoa. Do antigo Brejo Seco nasceu Araripe e Santana do Brejo Seco e Umari passou a Baixio, da mesma forma que Montemor da América era Baturité.
O atual Brejo Santo se chamava Brejo da Barbosa e o antigo povoado de Nova Roma deu lugar ao município de Campos Sales. Soure, todo mundo sabe, é Caucaia e a antiga União é hoje a próspera Jaguaruana. A antiga Várzea Grande passou a se chamar Coreaú, em 1944.
E quem sabe qual o nome da antiga Macavoqueira? É a atual Granja.
E Maria Pereira? E Taboleiro da Peruca? Mombaça nasceu com o nome de D. Maria Pereira e o Taboleiro virou Pedra Branca.
Russas, antes de assumir seu nome atual, se chamava São Bernardo do Governador, e Senador Pompeu nasceu da antiga povoação de Humaitá.
Palma é Assaré, que ficou famosa pela genialidade do seu filho Patativa. Sobral era a antiga Fidelíssima Cidade de Januária. Viçosa do Ceará se chamava Vila Real da América.
Mais geniais eram os reclames da época, dos automóveis Hilman, Humber, Sunbean e Tablot, dos caminhões Commer e dos rádios Mullard. Da construtora Emilio Hinko, que estava construindo o Clube Iracema. E das grandes indústrias que um dia experimentaram o sabor da glória, como a Usina Ceará, a Brasil Oiticica e a ZYR-7, a Rádio Iracema, além das duas maravilhas da cidade, o Náutico e a Casa do Português. O proprietário desta extravagante residência alardeava que tinha gasto 10 toneladas de cimento e 18 milheiros de tijolos só para ter o prazer de subir até o terceiro andar de carro... Não era para menos... coisa de português mesmo!
RODOLFO ESPÍNOLA
Jornalista