terça-feira, 14 de setembro de 2010

Frecheirinha, nobre fruto da Palma...

“A história é a crônica da palavra”, disse Machado de Assis num de seus valiosos escritos. Aqui, irei verbalizar o que vi por onde andei. Falo de duas importantes iniciativas no campo cultural, em terras que já fizeram parte do território municipal da velha Palma.

Uma dessas iniciativas é desenvolvida pelo município, a outra, por um particular. Em ambas, uma característica preponderante, a abnegação de alguns em prol do coletivo. Como seria bom se todos os olhos conseguissem divisar que o bem público deve alcançar toda a coletividade e o voluntariado ser uma das marcas da comunidade!
Quando viajo a trabalho, em momentos oportunos, sempre indago sobre a existência de equipamentos culturais na localidade visitada, tais como biblioteca, museu, clube de leitura, memorial, etc. Havendo, nas sobras de tempo, procuro conhecê-los.
Após esse exórdio, inicio o meu relato sobre as coisas que vi no solo das caieiras. Estive, recentemente, em Frecheirinha, município descendente de Coreaú, e pude notar como tem se desenvolvido aquela vila de outrora. A indústria de confecções é uma realidade, que gera trabalho e renda, além da potencialidade da lavra calcária ali existente. A cidade cresce. A boa gente de lá se orgulha do progresso. É bem verdade que ainda falta muito em vários setores, mas seu povo revela motivação e tendência para progredir.

Este texto tem como escopo falar um pouco dessas duas valiosas iniciativas que, naquelas paragens, agregam conhecimento e fazem memória: o “Projeto eu sou cidadão – amigos da leitura” e o “Museu Ferreira da Ponte”.

O citado projeto trabalha com o lúdico, oportunizando a criançada viajar pelo mundo das letras, mediante a leitura de livros infantis. Neste contexto, promove várias atividades: “Contação de História nas Escolas”, “Sarau da Leitura” e “Rodas de Leitura”, despertando na garotada o prazer da leitura.

Na outra ponta da cultura, tendo como data de fundação 26 de julho de 2007, desponta o “Museu Ferreira da Ponte”, organizado pelo senhor Manoel do Carmo Pontes Neto, que guarda parte da história daquela gente. Segundo esse caçador de raridades, o museu foi assim denominado em homenagem à família de seu pai, que é uma das pioneiras do município. Esse estabelecimento de interesse artístico e histórico, nos três anos de existência, já recebeu mais de 2400 visitas. O seu rico acervo conta com significativos instrumentos de artesões; peças em madeira, ferro, barro, ágata, palha, porcelana e vidro; rádios, radiolas, eletrolas e vitrolas; pedras diversas; discos fonográficos (long-play) ou discos de cera ou de vinil; fotografias; livros e documentos; etc. Dotado de predicados de acurado artífice, ele recupera as peças danificadas que recebe por doação e as coloca em meio ao expressivo acervo.

Com a paciência de um monge e a humildade de um camponês, esse dedicado cidadão está construindo uma grande obra cultural. Portanto, é merecedor de todos os encômios por tão ingentes esforços.


Fortaleza, 29 de agosto de 2010

Leonardo Pildas

MUSEU FERREIRA DA PONTE - FRECHEIRINHA - CE




PROJETO ‘EU SOU CIDADÃO” – AMIGOS DA LEITURA