terça-feira, 26 de outubro de 2010

Governo de SP diz que vai suspender processo de licitação do Metrô

Medida foi tomada após denúncia de jornal de irregularidade no processo.
'Folha de S. Paulo' diz ter registrado vencedores 6 meses antes de resultado.
O governador de São Paulo, Alberto Goldman, disse no início da tarde desta terça-feira (26) que mandou suspender o andamento do processo de licitação dos lotes 3 a 8 da Linha 5 do Metrô. Ele afirmou ainda ter determinado que a Secretaria da Casa Civil peça ao Ministério Público de São Paulo uma investigação sobre a antecipação do resultado de licitações para a ampliação da linha. A denúncia foi publicada nesta terça pelo jornal "Folha de S. Paulo". Ainda de acordo com o governador, a Corregedoria do Estado também fará um trabalho interno de investigação, e o andamento das licitações foi suspenso.
Reportagem desta terça-ferira (26) da “Folha de S.Paulo” afirma que o jornal antecipou em seis meses o resultado da disputa. O resultado da licitação só foi divulgada na última quinta-feira (21), mas o jornal afirma que havia registrado em cartório e publicado na internet em abril quem seriam os vencedores do processo.
Segundo a reportagem da “Folha de S.Paulo”, os sete lotes da Linha 5-Lilás custarão ao estado de São Paulo R$ 4,04 bilhões. A Linha 5 ligará o Largo 13 à Chácara Klabin. São 20 km de trilhos passando pelas linhas 1-Azul e 2-Verde.

“Mandei suspender o andamento do processamento da licitação. Nós assinamos os contratos na semana passada, mas as empresas ainda não receberam ordem de serviço, então nós paralisamos o andamento dessas licitações e, portanto, paralisamos o andamento de qualquer obra. Não havia sido iniciada nenhuma obra, nenhum tostão foi gasto até agora. De qualquer forma, nós paralisamos até que tudo isso possa ser esclarecido”, disse o governador no Palácio dos Bandeirantes.

A assessoria do Ministério Público verificava, no início desta tarde, se algum promotor irá instaurar um inquérito civil público para apurar o caso.
Presidente do Metrô nega irregularidades
Em entrevista ao G1, o presidente do Metrô de São Paulo, José Jorge Fagali, negou nesta manhã (26) que tenha havido qualquer irregularidade na licitação e disse que o caso não será investigado internamente.
“O Metrô desconhece qualquer irregularidade nessa licitação da Linha 5. Foi aberta a primeira fase de qualificação, que foram tecnicamente pré-qualificadas todas as empresas que têm condições de participar esses oito lotes. Dois desses [lotes] são túneis feitos através do “shield” [tatuzão]. Após essa fase, nós abrimos os pedidos de proposta para os consórcios pré-qualificados apresentarem as propostas de preços”, disse Fagali em entrevista por telefone ao G1.

Segundo ele, ao abrir as propostas do lote 2 foi verificado um preço 30% acima do orçamento. O Metrô, então, cancelou o processo e reiniciou a tomada de preços para os lotes de 2 a 8, conforme previsto em edital.

“Não temos conhecimento de qualquer irregularidade dentro do nosso edital. Ele está perfeito, foi aprovado pelo Tribunal de Contas. Não temos conhecimento de qualquer acerto que o mercado externo possa fazer”, reforçou Fagali.

O presidente do Metrô, entretanto, disse que não será feita qualquer investigação interna sobre o caso. “Estamos nos colocando à disposição para qualquer investigação. Estamos à disposição até por que não temos que investigar algo que aconteceu fora do Metrô (...) Se houve algum acordo externo é externo e o Metrô não tem conhecimento”, disse.
Consórcios
O G1 entrou em contato com os consórcios de empresas envolvidos na licitação. O consórcio Mendes Junior disse que não vai se pronunciar sobre o assunto.
O Consórcio Odebrecht/OAS/Queiroz Galvão afirmou que soube do resultado no dia 24 de setembro de 2010, e que nenhum acordo foi realizado. O grupo informa que, desde o início do processo, concentrou seu foco no lote 7, que permitiria aproveitar o "tatuzão", equipamento que apenas dois consórcios estavam qualificados para usar e que deve ser utilizado nos trechos 3 e 7.

"Segundo as regras da licitação, nenhum consórcio poderia conquistar mais do que um lote, a probabilidade do Consórcio ficar responsável pelo lote 7 era muito grande, dependendo apenas da proposta de preço, o que também atendeu às expectativas do cliente", afirmou o consórcio em nota.

Procurado pelo G1, o Consórcio Andrade Gutierrez/Camargo Correa também informou, en nota, que "tomou conhecimento do resultado da licitação quando os ganhadores foram divulgados pelo Metrô em sessão pública”.

O G1 aguarda retorno dos outros consórcios envolvidos: Constran/Construcap, Galvão Serveng, Heleno Fonseca/Triunfo, Carioca/Cetenco ee CR. Almeida/Consbem.