quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Considerações intempestivas sobre Coreaú e os coreauenses

O nosso Coreaú é um município bastante complexo e os coreauenses também não o deixam de sê-los. Enquanto outros municípios alavancam seu desenvolvimento em muitas áreas, o nosso fica nau à deriva, à toa, ao léu, sem conseguir (ou ao menos tentar conseguir) sair de tão lastimável situação. Nós, os coreauenses, somos bastante ignorantes ao ponto de contribuirmos consideravelmente para a manutenção do status quo que há muito é existente por aqui. Estas considerações visam nos alertar para algumas coisas de que precisamos (e merecemos) acordar, a saber: falta de cultura, hipnose política, não florescência para as artes, letras e filosofia etc.

Educação e Cultura

Se hoje obtivéssemos resultados animadores e boas estatísticas no campo da educação ainda assim estaríamos em débito no âmbito cultural. Nossos estudantes estão vivendo uma ambiência cultural cada vez mais decadente, deprimente e mórbida. Coreaú não floresce para as artes, letras e ciências. Nossos estudantes, ao que vemos, não crescerão culturalmente, pois vivem num ambiente totalmente hostil para tal, um ambiente culturalmente infrutífero. Nossos estudantes e, fundamentalmente, nossos professores não escrevem, não fazem análises, não criticam, não levantam debates/polêmicas/controvérsias, em suma, não produzem culturalmente, não evoluem (séculos de evolução e em que estamos evoluindo?). Nossa universidade está cheia (felizmente) de cursos das ciências humanas que estudam a cultura européia e ou americana (a história dos heróis, o feito dos grandes homens, as maravilhas “feitas” por eles) com o propósito de nos europeizar/americanizar. Quanto a nossa cultura local, não escrevem sobre ela, ou pior, muitas vezes nem a discutem.

Não temos uma cultura política salutar e por isso somos ignorantes/analfabetos políticos. E outro tipo de ignorância que grassa em nosso município e em quase todo lugar é a ignorância cientifica, o que me deixa bastante preocupado. Os nossos estudantes não sabem, ou pouco sabem, de física, química e matemática. Vivemos, como diria um famoso astrônomo americano, rodeados de ciência e tecnologia de modo que a ignorância científica é preocupante. Ora, mas se em Coreaú somos ignorantes em termos de cultura, letras, artes, filosofia, o que custa acrescentar o analfabetismo científico?

Administração pública

É fato bastante conhecido pela imensa maioria dos coreauenses a ineficiência da administração pública de Coreaú e que, infelizmente, não é de agora. Chega a ser um desgoverno. Aqui, não entrarei em dissecações mais profundas, já que a experiência mostra que tal maneira de analisar tem despertado as paixões mais repugnantes e abrasivas, e não é este o meu objetivo aqui. Temos várias secretarias que eu mesmo, coreauense nascido e residente não sei qual papel desempenham. A secretaria de educação e a de cultura decerto são muito importante para as estatísticas e burocracia da educação e a reputação do nome “cultura” respectivamente, mas deviam ter papéis mais superiores. A título de exemplo, o que elas fazem em termos de produção educacional, cultural e artística? Não temos uma semana de educação e nem festivais culturais/locais nem mesmo em nossos festejos. Não temos festivais de música promovidos por estas secretarias. E se tivéssemos tais acontecimentos, você imagina qual a qualidade e nível cultural de tais eventos? Nosotros quedaríamos en la descalificación.

Saúde pública

Saúde é uma questão vital. E política pública em saúde é obrigação de todo governante sério e competente. Além do mais é uma questão de humanidade oferecer saúde pública e de qualidade às pessoas. Em Coreaú, isso, a rigor, não ocorre, e digo por experiência própria. Afinal, ninguém é um deus que nunca tenha precisado ir ao médico ao menos uma vez. Atendimento defasado, demora até para receber um receituário, falta de concurso público para servidores da saúde (desnecessário dizer para a educação). Por fim, estas considerações seriam maiores, mas o espaço é pequeno e já está de bom tamanho. Minha crença é a de que alguém tem que trazer o debate à tona. Considerações maiores, somente num ensaio maior ou num livro que alguém escrever. Tarefa que deixo a alguma pessoa das ciências humanas, se elas quiserem. E puderem!!!

Autor: Valdecir Ximenes / Mandacaru
fonte: araquem news