Uma aula de boa prática política está configurada nestes quatro nobres pensamentos da lavra do imortal Ulysses Guimarães, sem dúvida, um dos maiores políticos brasileiros:
“Na política, como na vida, é fundamental ser dono de seu tempo. Ai dos que se esquecem da advertência vital do filósofo grego: 'Do que se gasta na vida, o tempo é o mais caro. Não pode ser reposto, nem readquirido’.”
“A governabilidade está no social.”
“É indecoroso fazer política uterina em benefício de filhos, de irmãos e de cunhados. O bom político costuma ser mau parente.”
“É claro que a política não é o ofício da bagatela, a pragmática da ninharia. Quem cuida de coisas pequenas acaba anão.”
Neste contexto, é significativo registrar, ainda, o que assevera Sêneca em “De Clementia”: “Para os homens de senso os interesses públicos vêm antes dos particulares”- (“Sanis hominibus publica privatis potiora sunt”).
Como seria bom se a boa prática política chegasse a Coreaú, porém nada alentador prenuncia mudança de rumo em nossa sofrida terra natal. Resta-nos esperar que os ventos mudem de direção ou aguardar a ação transformadora do tempo. Este sim, um ferrenho juiz. O poeta francês, Charles Baudelaire, em “As Flores do Mal”, poema LXXXV – O Relógio, nos dois primeiros versos da quinta estrofe, leciona: “Recorda: O Tempo é sempre um jogador atento / Que ganha, sem furtar, cada jogada! É a lei.” Na vida, tudo tem o seu apogeu e o seu declínio, na política também... O tempo dirá.
Apesar do imobilismo da gestão municipal, a juventude coreauense mostra sua força, conquistando espaço nas universidades e nas competições culturais, onde o conhecimento, o esforço, a dedicação, o espírito de luta, o compromisso e o comprometimento com o futuro pessoal e da comunidade dão o tom do sucesso. Que belo exemplo! Parabéns, jovens conterrâneos!
Diariamente, acessamos os blogs coreauenses em busca de notícias de nossa gente. Entre 27 e 29/1/2011, quando líamos esses espaços jornalísticos na mídia eletrônica, tivemos a surpreendente representação do estádio vivido pela nossa Coreaú. Na charge gizada pelo intemerato professor Davi Portela, a tartaruga, protagonizando nosso município, ruma para o passado, ignorando o futuro. Todas as charges deste eminente mestre são criativas, mas essa é antológica.
Ela nos fez lembrar a conhecida sentença atribuída ao Padre Manuel de França Melo que foi pároco e intendente da Velha Palma: “A Palma haverá de crescer como rabo de cavalo...”, vide “História de Coreaú (1702 – 2002), páginas 87-91. A maldição proferida há mais de um século continua vigorando ou a inoperância instalou o seu reinado em solo palmense? Entre as duas alternativas, ficamos com a segunda.
Para os incautos ou menos politizados, Coreaú caminha a passos largos. No entanto, os coreauenses que honram o solo de seu nascimento e têm conhecimento mais aprofundado da política enxergam com grande tristeza a real mensagem expressa nessa perfulgente charge: a crescente involução que nossa querida terrinha experimenta. O futuro da cidade e do município dormita na prateleira, até quando? Triste sina, ó Várzea Grande!
Diante dessa esdrúxula situação, é imperioso que a coletividade esteja atenta porque se aproxima o tempo em que florescem a retórica e a cata aos votos. Com certeza, a ribalta e os atores já estão em diuturna preparação para o pleito eleitoral que o calendário sinaliza. No momento oportuno, a população deve fazer ecoar a máxima de Santo Antônio de Pádua, grande pregador da Igreja Católica: “Que cessem as palavras que falem as obras”. O discurso vazio não merece atenção, é necessário que as obras sejam conhecidas por todos.
Os que amam verdadeiramente Coreaú e torcem pelo seu desenvolvimento bradam com veemência, quando poderemos exclamar essa passagem bíblica contida no Capítulo 2, versículo 12, do livro “Cântico dos Cânticos”: “Apareceram as flores na nossa terra, voltou o tempo das canções...”.
Por último, alertamos que a história tem duas portas de entrada: uma para a consagração e o mérito; a outra para o ostracismo e o esquecimento. Aqueles que com dinamismo, probidade, ética e meritória ousadia desempenham ou desempenharam os cargos, funções, missões e encargos, que lhes foram confiados pela sociedade, serão sempre lembrados e enaltecidos. Esta é a recompensa dos que se fazem ou se fizeram proeminentes.
Fortaleza, 30 de janeiro de 2011
Leonardo Pildas