Aqui no Município de
Coreaú, Zona Norte do Ceará, existe um açude enorme, inaugurado pelo Governo do
Estado, chamado Angicos, com capacidade para cerca de 55 milhões de metros
cúbicos de água, localizado a uns 23 km da sede.
O Angicos é uma verdadeira
riqueza do Vale do Coreaú. É muita água. Afora os peixes, em abundância o ano
inteiro. Ele libera água de suas comportas, tornando perene vários rios da
região. O povo tem água o tempo todo. O rio não seca nunca. Parece que o sertão
virou mar. Entretanto, externamos nossa preocupação com a falta de melhor
aproveitamento das águas do Açude Angicos pela população ribeirinha, posto que
do modo como são utilizadas, acabam gerando um imenso desperdício. Sabemos que
um dos maiores problemas do Nordeste é a seca.
Seria interessante que as
pessoas que moram às margens dos rios tivessem incentivos para a agricultura e
à pecuária. A Ematerce poderia dar suporte técnico à população ribeirinha e
fazer avaliações sobre a possibilidade de se investir naquela área. O Banco do
Nordeste, BNB, emprestaria dinheiro para os pequenos agricultores, com juros
baixos, de modo que pudessem ganhar alguma coisa e ter gosto pelo que fazem.
Muita gente iria melhorar de vida, vendendo seus produtos em feiras livres,
inclusive na de Coreaú, que acontece aos domingos pela manhã gerando-se assim,
aquilo a que se convencionou chamar de “emprego e renda”.
Coreaú, como a maioria dos
municípios do Ceará, tem uma economia que vive em função somente do
funcionalismo público, dos aposentados e pensionistas. Até pouco tempo,
tínhamos cultura do algodão, castanha, mamona, valorização da carnaúba (pó,
cera e chapéu) e as pessoas encontravam facilidade de pegar em dinheiro. Hoje,
quase nada resta. Com o Açude Angicos poderá haver uma retomada no crescimento
do nosso Município e de outros circunvizinhos. Não podemos mais é hospedar uma
inércia agrícola, quando temos um açude do porte do Angicos. O sertão está se
definhando. Não tem quem queira mais viver na zona rural, a não ser aqueles que
não arredam pé porque têm amor à terra, amor pelo “criar”, como eles mesmos
dizem.
Fernando Machado
Albuquerque
Coreaú-CE