A Venezuela ainda conserva resquícios de liberdade de imprensa, tem uma oposição que, embora sempre acuada e dispondo de muito menos meio do que o onipresente chavismo, consegue atuar, a iniciativa privada não foi, por ora, totalmente esmagada pela estatização e pelo capitalismo de Estado, os cidadãos podem viajar para o exterior e até emigrar sem problemas, no país não existe pena de morte – e por aí vai.
Tudo isso é absolutamente impensável na Coreia do Norte desde há seis décadas e meia.
Há, porém, entre outros, três pontos em comum:
1) na Coreia do Norte, falta tudo, sobretudo comida; na Venezuela também — com a diferença de que a Venezuela petroleira tem dinheiro para importar alimentos, e a Coreia do Norte precisa da caridade internacional para não piorar a fome de seu povo;
2) na Coreia do Norte, o corpo embalsamado do último líder morto (em dezembro de 2011), Kim Jong-il, está exposto”para sempre” à visitação pública em uma urna de vidro dentro de um mausoléu; o corpo embalsamado do falecido caudilho Hugo Chávez, por decisão de seu entorno, e tal como ocorre com os falecidos ditadores pai e filho da Coreia do Norte (sem contar os dirigentes mortos de outros países comunistas), assim permanecerá;
3) na Coreia do Norte, o poder vem passando de pai para filho desde 1994, estando, já, na terceira geração de líderes comunistas; a Venezuela fez esta semana um ensaio disso, quando o presidente interino (e biônico) Nicolás Maduro — que certamente será eleito presidente para um mandato de seis anos no próximo dia 14 de abril — nomeou como seu vice biônico o ministro da Ciência e Teconolgia, Jorge Areaza, 39 anos, genro de Chávez (casado com a mais velha de seus cinco filhos, Rosa Virgínia) e que, espertamente, passou há alguns anos a chamá-de “pai” em público.
Não é nenhum delírio imaginar-se que Areaza possa, com o tempo, arvorar-se em herdeiro do “pai”. Chávez teve quatro filhas e um único filho, Hugo Rafael Chávez Colmenares, de dois casamentos, mas “Huguito” não tinha boa relação com o pai e nunca participou de sua atividade política.
Fonte: Veja