Instada a falar sobre o movimento “volta, Lula”, que ganha força entre membros do PT e de partidos aliados, a presidente Dilma Rousseff disse ontem que nada romperá a sua aliança com o antecessor. Ela lembrou que, como ministra da Casa Civil, conviveu com Lula entre abril de 2005 e dezembro de 2010 “todos os dias”.
A bancada do PR na Câmara lançou manifesto no qual pede que Lula substitua Dilma na corrida presidencial. De acordo com membros do partido da base aliada do governo, ele é mais preparado que a atual presidente para fazer a economia voltar a crescer com vigor.
Tanto membros da situação como membros da situação atribuem a queda de Dilma ao noticiário sobre a crise na Petrobras, que o governo tenta superar. Em um jantar com jornalistas da área de esporte no Palácio da Alvorada, em virtude da proximidade da Copa do Mundo, ela falou ainda sobre reforma política e o programa Mais Médicos.
REFORMA POLÍTICA
Entre as mudanças mais abrangentes que gostaria de ter feito nesses três anos e quatro meses de mandato e não conseguiu, Dilma destacou a reforma política. Um dos pontos centrais da reforma pretendida por ela é o financiamento público das campanhas eleitorais. Sem entrar em detalhes, Dilma disse que é preciso reavaliar a relação entre a iniciativa privada e os políticos.
No ano passado, depois dos primeiros protestos que agitaram diversas capitais do país, a presidente anunciou uma série de medidas. A mais controvertida era a convocação de uma Constituinte exclusiva para aprovar a reforma política, iniciativa alvejada pela oposição e até mesmo por aliados.
MAIS MÉDICOS
“O padrão de atendimento dos cubanos é melhor que o nosso”, disse Dilma, referindo-se ao tratamento inicial oferecido aos pacientes pelos médicos brasileiros nos serviços públicos de saúde.
De acordo com a presidente, os médicos do país do Caribe, que participam do programa Mais Médicos, oferecem aos pacientes brasileiros um tratamento mais “humano”. Já são 14 mil médicos cubanos trabalhando no país, segundo a presidente.
Dilma citou um episódio recente em que uma mulher, ao lado da filha, foi se consultar com um médico cubano. Ele percebeu que havia algo de errado com a menina, que não tinha relatado problema algum, apenas acompanhava a mãe. Constatou-se depois, segundo Dilma, que a garota estava com pneumonia. A presidente não disse em que cidade isso aconteceu.
Por conta das semelhanças culturais entre brasileiros e cubanos, ela acredita que muitos desses médicos permanecerão no país.