A crítica quando construtiva é salutar, porém revestida de ironia ou ressentimento torna-se vulgar e desprezível. Machado de Assis, in “Crônicas”, assevera: “A crítica é uma missão que exige credenciais valiosas.” No cenário da crítica, duas figuras despontam com certas características: o crítico e o criticador.
O crítico e o criticador parecem ser iguais, porém uma grande diferença pode ser visualizada nas atitudes críticas de ambos. Aurélio Buarque de Holanda, no seu conhecido “Dicionário Aurélio – Século XXI”, certifica: “Crítico - Aquele que faz críticas; censor.”, e “Criticador - Aquele que tem por costume criticar.”
Machado de Assis, extraordinário homem de letras, do alto de sua sapiência, in Crítica Literária, “O ideal do crítico”, publicado originalmente no Diário do Rio de Janeiro, 8/10/1865, falando sobre a crítica faz as seguintes advertências:
“Crítica é análise, — a crítica que não analisa é a mais cômoda, mas não pode pretender a ser fecunda.”
“A ciência e a consciência, eis as duas condições principais para exercer a crítica.”
“A tolerância é ainda uma virtude do crítico. A intolerância é cega, e a cegueira é um elemento do erro; o conselho e a moderação podem corrigir e encaminhar as inteligências; mas a intolerância nada produz que tenha as condições de fecundo e duradouro.”
“Moderação e urbanidade na expressão, eis o melhor meio de convencer; não há outro que seja tão eficaz. Se a delicadeza das maneiras é um dever de todo homem que vive entre homens, com mais razão é um dever do crítico, e o crítico deve ser delicado por excelência.”
Quanta profundidade nesses ensinamentos do ínclito literato brasileiro Machado de Assis. Como seria bom esforçarmo-nos para assimilar tamanha lição, exigindo de nós mesmo coerência e moderação em nossas atitudes, principalmente na seara da crítica.
Fortaleza, 17 de fevereiro de 2013.
Leonardo Pildas